O grande show chegou! O que acham que vai acontecer?
Chegado o grande dia, estava super ansiosa e nervosa, e além disso tremia tanto que parecia ter mal de Parkinson (com um pouco de exagero, claro)
Vesti uma calça jeans escura, camiseta Jack Daniel’s, meu all star cano médio e uma jaqueta de couro sintético marrom. Estava friozinho, então lá devia estar gelado. Uma bolsa transversal média e alguns acessórios completaram meu figurino.
Saí de casa passava das 13hs. O show seria só as 19hs, mas havíamos marcado de sair mais cedo a fim de não ficar com os piores lugares. Tudo bem que meu ingresso não me garantia um lugar bom, mas ficar com aqueles que o povo renega também não era minha meta.
Uma hora e meia depois, chegamos ao portão do local. A fila já virava a esquina e tinha até gente com barracas. Seu rosto estava estampado em camisetas, calças, blusas, plaquinhas, cartazes, em bolsas e sabe-se lá mais onde. Tinham até umas lanterninhas personalizadas, que mais tarde vim a conhecer como “fanlight”. Era tudo bem criativo e fiquei pensando que talvez eles não soubessem que estava em casa, senão teriam feito uma algazarra sem tamanho.
A fila enorme estava do lado esquerdo da entrada e do lado direito havia uma fila um pouco menor. E é pra lá fomos. Segundo a responsável pela caravana, aquela era uma fila para caravanas. Era realmente surpreendente que houvessem separado dessa maneira, uma forma mais organizada do que eu esperava.
Abriram para o público duas horas antes do show, para que pudéssemos escolher os lugares com mais tranqüilidade. Entrei tentando me esquivar dos malucos cortadores de fila (e pisoteadores dos mais fracos também, provavelmente).
Consegui um lugar que proporcionava uma vista do palco inteiro, pois ficava bem no centro. Não era lá aquelas coisas, mas só de estar lá já me sentia feliz e mal podia conter a ansiedade.
Antes mesmo da introdução, já havia muita gritaria e muita fanlight sacudindo na escuridão que caia sobre nós. Eu estava um pouco distraída observando a aglomeração de lanternas quando começaram. Eu nunca vira coisa igual. Era como água, mas eram luzes, que vinha como esguicho de cada lado da tela e chocavam no meio e então aparecia “XIA In Love World Tour” e então alguns vídeos simbolizando algo místico, como se Junsu fosse esse “algo” e tudo apagou. Então começou a tocar uma melodia calma e suave e ele apareceu, subindo por um compartimento no assoalho do palco. Estava incrível. Seus cabelos estavam jogados de qualquer jeito deixando a franja um pouco desajeitada, usava uma calça preta um pouco justa e um paletó fechado ao meio por um botão, sem camisa por baixo, e um sapato social. Também usava diversos acessórios, como nunca vira antes.
Pude sentir a emoção transmitida através da canção entoada. Ela me invadia de dentro para fora e parecia me completar de alguma maneira.
Logo depois ele começou cantar uma música que não conhecia e fiquei meio confusa.
- Com licença. – Pedi a uma menina do meu lado que praticamente comia os dedos, acho que de emoção ou loucura mesmo, não sei. – Essa música não é do álbum Forever You, né? Porque eu baixei ele mas não conheço essa e...
Antes que pudesse completar minha perceptiva, ela me interrompeu com desdém.
- Há quanto tempo o conhece?
- E-eu... Não muito. Acho. – Gaguejei já me arrependendo de ter perguntado.
- Então você nem deveria estar aqui. Deveria primeiro procurar conhecê-lo, assim como nós – disse agarrando a amiga ao lado, pelo pescoço. – o fizemos. Tivemos que trabalhar muito duro pra chegar onde chegamos. Gastamos com álbuns, fanlights, camisetas e algumas goodies. Driblamos nossos pais para estar aqui e não foi pra conversar com uma poser que nem sequer saber a data do aniversário dele. – Eu sabia e tive muita vontade de esfregar na cara dela que ele quem me contara, mas o modo como falava indicava que ela nunca acreditaria em algo assim e ainda ousaria dizer que ele nunca falaria com alguém como eu, por isso apenas a interrompi com um “muito obrigada” seco.
Virei-me novamente pro meu foco, que dançava perfeitamente com uns dançarinos bem feinhos, quando senti um cotucão do meu outro lado.
- Não se incomode com essas aí. – disse apontando para elas. – Elas são do pior tipo de fã, mas infelizmente o Junsu não é capaz de escolher suas fãs. Mas enfim, sim, essa música não faz parte desse novo álbum. Na verdade foi lançada em mini-álbum exclusivo dosingle e já faz um tempo, porém nos shows eles costumam cantar músicas de álbuns anteriores, o que é bom porque muitas delas só vimos em lives, e ao vivo é muito mais emocionante. – a todo momento ela falava olhando para o palco, provavelmente não querendo perder nem um segundo, e só as vezes dava umas olhadelas para mim. Fiquei imaginando que, se EU pudesse escolher as fãs de Junsu, aquele seria o tipo de fã que escolheria. – e a data de aniversário dele não é difícil aprender, mas não define se você époser ou não, que fique claro isso. – e então se virou para mim, a música acabara. – e eu percebo que você gosta dele de verdade. Creio que esse seria o tipo de fã que ele escolheria, se pudesse. – e sorriu suavemente. Não havia muito a dizer, por isso apenas respondi gentilmente:
- Entendi. Obrigada. – ela assentiu e voltou-se para o palco.
Junsu iniciara uma nova música, outra que eu não conhecia e que era mais agitada que a anterior. Nessa, algumas mulheres vestidas sensualmente, dançavam juntamente com ele e mais um monte de dançarinos homens. Isso me incomodou, mas nada se podia fazer.
Antes de trocar pela primeira vez o figurino, parou e conversou um pouco com as fãs, agradecendo e dizendo o quanto eram importantes e coisas assim. Trocou de figurino mais umas duas vezes, no entanto só voltou a falar conosco ao final do show, após cantar a música mais linda do álbum.
Ele ria ao contar coisas engraçadas. Também disse o quanto foi duro trabalhar naquele álbum e o quanto foi difícil também, mas que estava super feliz com a realização e por poder estar perto de quem amava e que isso aliviava a dor que vinha alimentando durante algum tempo, mas também pediu pra não nos preocuparmos pois já se sentia muito melhor. Curvou-se algumas vezes agradecendo e deixou o palco correndo, acenando e sorrindo maravilhosamente.
Até o próximo capítulo!
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